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Mostrando postagens de dezembro, 2016

Apatia social: ninguém fez nada enquanto o ambulante Ruas era massacrado no metrô. Por Kiko Nogueira

As cenas do massacre do ambulante Luiz Carlos Ruas numa estação de metrô de São Paulo contêm um ingrediente perturbador extra: a inação dos circunstantes. É evidente que a segurança falhou. Mas e aquelas pessoas em volta? Por que nenhuma esboçou qualquer reação enquanto Ruas era chutado e socado na cabeça? Os assassinos agiram livremente, como se estivessem num terreno baldio deserto. Atacaram em duas levas. Ao todo, foram aproximadamente três minutos de selvageria. Não foram incomodados. O vídeo mostra homens e mulheres seguindo seu rumo, alguns fugindo da cena, outros olhando, uns mais curiosos que outros. Em comum, a omissão. Segundo a travesti Raíssa, os canalhas — identificados depois como Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, e Ricardo Nascimento Martins, de 21 –, gritavam “vamos matar” enquanto a perseguiam. Voltaram sua fúria para Ruas depois que ele tentou defendê-la. Não foram minimamente perturbados enquanto o matavam. Não quero aqui julgar. Eram

Um herói invisível: o martírio do ambulante Luiz Carlos Ruas. Por Paulo Nogueira

Luiz Carlos Ruas.  Viveu invisível, como milhões de brasileiros que são, como ele, ambulantes. Virou notícia na morte, aos 54 anos, na noite de Natal, no metrô de São Paulo. Eu ia dizer que só então o enxergaram, mas eu estaria mentindo. Ele continuou invisível enquanto dois homens jovens o espancavam até a morte. A idade somada dos dois não chegava à dele. Ruas estava invisível para os circunstantes, e assim os agressores puderam bater, e bater, e bater. Em certo momento, como mostra um vídeo, os dois pareceram ter cansado de bater no ambulante estirado no chão. Mas não. Eles voltaram e bateram mais. Luiz Carlos Ruas agonizou invisível. Ninguém o socorreu. Onde os vigilantes do metrô? Onde pessoas solidárias? A morte invisível é banal num país em que pobres não valem nada. Entendo isso, embora lamente profundamente. Mas a morte invisível não. Ninguém viu Luiz Carlos Ruas em vida, mas sua morte tem que ser celebrada como o martírio de um heroi. Ele morreu p