Apatia social: ninguém fez nada enquanto o ambulante Ruas era massacrado no metrô. Por Kiko Nogueira
As cenas do massacre do ambulante Luiz Carlos Ruas numa estação de metrô de São Paulo contêm um ingrediente perturbador extra: a inação dos circunstantes. É evidente que a segurança falhou. Mas e aquelas pessoas em volta? Por que nenhuma esboçou qualquer reação enquanto Ruas era chutado e socado na cabeça? Os assassinos agiram livremente, como se estivessem num terreno baldio deserto. Atacaram em duas levas. Ao todo, foram aproximadamente três minutos de selvageria. Não foram incomodados. O vídeo mostra homens e mulheres seguindo seu rumo, alguns fugindo da cena, outros olhando, uns mais curiosos que outros. Em comum, a omissão. Segundo a travesti Raíssa, os canalhas — identificados depois como Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26 anos, e Ricardo Nascimento Martins, de 21 –, gritavam “vamos matar” enquanto a perseguiam. Voltaram sua fúria para Ruas depois que ele tentou defendê-la. Não foram minimamente perturbados enquanto o matavam. Não quero aqui julgar. Eram