O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65
países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula
de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da
escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi
registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano
de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens
que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam
o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos
que o piso salarial (et. al., na mídia).
Frente aos dados, muitos podem se
tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços,
concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela!”.
Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar
que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para
uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do
nível da educação.
Logo, agora não mais pelo bom senso e
sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa
forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas
esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas
ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a
educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais.
Já sabemos que não basta, como se
pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais
pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à
qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa
sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina.
O desenvolvimento dos professores é uma
precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência
demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma
reforma, inovação ou transformação – como queira chamar – perdura sem o
docente.
É preciso abandonar a crença de que as
atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem
resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de
crença e de atitude, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos
que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais
de aprendizagem.
Mudanças profundas só acontecerão
quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização,
feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de
aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão.
Certamente, os professores não podem
ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal
situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da
população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o
corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de
ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos
contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem
instruídos, quem varreria as ruas?”; ou que não veem problema “em dispensar a
todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as
exigem”.
Enquanto isso, nós continuamos longe de
atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e
carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na
média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009.
A meta do país é de chegar a 6 em 2022.
Eliane da Costa Bruini
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em Pedagogia
Pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL
http://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-no-brasil.htm
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